Capitulo 01: Good Morning Everybody!!!
(L'arc en Ciel - Spirit Dreams Inside)
Terra...
31
de Outubro de 2002...
Em
algum lugar da China...
O som de golpes na madeira ecoava por toda
a paisagem enquanto passo a passo um monge ancião subia a longa escadaria que
cortava a floresta na montanha.
Seus pés revestidos por desgastadas
sapatilhas de pano tocavam a pedra fria, os braços cruzados atrás das costas
aqueciam a região lombar e os olhos, talvez já não tão bons quanto antes,
tentavam distinguir os pássaros que vez ou outra chegavam e partiam por entre
os bambuzais.
Enquanto isso, no interior do templo
localizado no topo da montanha, um garoto de cabelos castanhos, curtos e
arrepiados continuava a desferir golpes no mudjong*.
Estava vestindo um infu* branco com o
desenho estampado de um dragão cuja cauda ficava na perna direita e subia
enrolando pelo corpo até terminar com a cabeça descendo pela frente do corpo por
sobre o ombro esquerdo.
Alto e forte, ele se preparava. Respirava profundamente
ganhando folego enquanto o calor de seu corpo fazia pequenas ondas de fumaça se
misturarem com a névoa fria daquela altitude. Encontrava-se bem no meio do
pátio, sob o céu claro da manhã.
Seus olhos estavam concentrados no alvo,
mas ao seu redor as velhas estátuas é que pareciam observa-lo.
A sequência de golpes foi retomada com
chutes e socos rápidos. Mais uma vez o som de golpes na madeira voltava a ecoar
pela montanha. E então, após alguns minutos, ele termina e está pronto para
iniciar sua sequencia de kachis*.
Pela força do hábito ele cumprimentou o
mudjong exatamente no momento em que o velho terminou os últimos degraus da
escadaria chegando ao topo.
- Quem venceu? – pergunta o velho
sorrindo.
- Fui eu. – o garoto responde.
- Então por que o mudjong não está
cumprimentando de volta?
O garoto olha alegremente para seu mestre e
se dirige até ele. Os dois se cumprimentam com pequena reverencia.
- Dava pra ouvir os seus golpes lá de
baixo.
- É mesmo?!
- Não. Mas quem sabe um dia, não é? Trouxe
algo do correio pra você. – diz o velho tirando uma carta de dentro de sua
manga e entregando para seu aluno. – Da próxima é a sua vez de ir até a cidade.
- Sim, mestre. Quando será a próxima vez?
- Muito em breve... – ele responde,
aproveitando a distração do aluno com a carta e se já se afastando para o
interior do templo. – Eu me esqueci de comprar arroz.
O garoto sorriu e se dirigiu até um banco
de madeira para pegar a toalha. Estava analisando a carta enquanto enxugava o
suor do rosto e do pescoço:
- “Destinatário: Chung Lee”, esse sou eu.
E a carta veio do... Japão... Tokyo! – diz ele consigo mesmo ao ver o
remetente. – Primo Hiyuri, com certeza.
Ele pega a jarra de água e toma um gole diretamente
dela antes de rasgar o envelope e retirar de dentro uma folha impressa.
- Feita no computador. Que folgado.
"E aeeeee primo "Chun Li", treinando seus chutinhos? Spiniiiing Bird Kick!!! Hahahahaha...” – ele
começa lendo. - "Tudo ninja aí na China?”.
As coisas aqui em Tokyo estão ótimas! Claro, tudo dentro daquela
correria de sempre, sabe como é... Esse povo não para de trabalhar! Mas até que
é divertido.
Olha! Olha! Olha!. Já estamos quase em Novembro! Natal! Ou pelo menos
espero que estejamos!
Você faz ideia de como é difícil escrever uma carta para alguém que vive
num templo no alto de uma montanha? Eu nunca sei se essa porcaria vai chegar em
tempo!!!
Mas que se dane.
Óh o Natal aí! :_P~ Eu adoro o Natal.
Você virá pra cá passar as festas de final de ano como sempre?
Espero que sim. Faz tempo que eu não te dou uns golpes! Hahaha! Não é
por nada não, mas você é fraquinho. :_P~
Espero que tenha treinado bastante por que eu continuo alto, forte,
lindo, bonito, gostoso... E modesto como sempre.
- Exibido... Folgado e tosco também. – disse Lee, rindo e
falando sozinho.
Tem participado de muitos campeonatos?
Eu vi o seu sucesso na revista de Abril. Você não tem vergonha na cara?
Com esse potencial não tem humano que aguente. Até o Usagi venceria
aquelas lutas com sua super hyper técnica especial de trocar canais de
televisão: SUPER DEDÃO NINJAAAAA!
Bem... Acho que é isso aí.
De qualquer forma tem uma passagem pra você no envelope.
Espero que venha. Vai ser muito divertido...
...Pelo menos terá comida. :P
Seu presente... Será um “tchako” :_P~ HAHAHAHAHAHA.
Valeu primo "Chun Li".
Eu fico por aqui.
Vou telefonar para o Usagi e tirá-lo do sofá... Sabe como é :P.
Abraços.
Hiyuri Anryu Lee...
O Alto... Forte...
Lindo... Bonito... Gostoso... Etc e tal.
- “Caramba, como escreve...” – pensou consigo
mesmo com a carta ainda na mão e olhando ao redor. – “Depois do treino eu vou.”.
E enquanto Lee respirava fundo e voltava
para sua rotina, em Tokyo...
- Hahahahaha! SAI DA FRENTE DONA!
Um estranho garoto de longos cabelos
negros e uma faixa branca na testa passava correndo de bicicleta por algumas
ruas bem movimentadas.
Vestia uma calça branca casual e larga
para suas medidas. Na parte de cima uma camisa social de mesma cor que balançava
ao vento deixando seu tórax magrelo descoberto.
Era como se o que lhe faltava de músculos
sobrasse em energia que nesse momento estava gastando em largas pedaladas,
perseguindo certa pessoa ao mesmo tempo em que quase atropelava algumas outras
tantas.
Metros à frente, desesperado, o homem corria.
E atrás, como não poderia deixar de ser, o celular de Hiyuri tocava.
O garoto tirou uma das mãos do guidão e
atendeu sem diminuir o ritmo.
- Haiiiiiii!!! Moshi moshi!!!
- Alooo. Você me ligou? – disse a voz
quase irritada ao telefone.
- Usagi kun?!
- Não idiota, é a sua mãe. – ok... Uma voz
realmente irritada ao telefone. – Que você quer, Hiyuri?
- “Guenta” aí, mamãe. Eu to com um
probleminha com um marginal.
- Seu estupido, sou eu! Usagi!
- Pera ae que eu já te ligo! – ele responde,
quase sem intervalo entre a última palavra e a ação de desligar o telefone.
O garoto passa a pedalar mais velozmente e
se aproxima de sua “presa” ao mesmo tempo em que este vira desesperadamente à
direita em uma esquina.
No instante que se seguiu, Hiyuri percebeu
que estava rápido demais para fazer a curva de forma segura. Percebeu também
que se continuasse reto nunca mais veria sua presa. Então a solução mais “lógica”
que sua mente conseguiu elaborar foi a de tentar derrapar e usar o impulso para
se arremessar da bicicleta.
Foi assim que acabou voando sobre o
marginal, rolando com ele no chão e agora estava tentava mantê-lo imobilizado
enquanto seu celular voltava a tocar.
- Quieto! Meu deus! Onde é que você pensa
que vai cansado desse jeito? – disse ele sentado sobre as costas do bandido,
mantendo-o preso em uma chave de braço com uma das mãos enquanto que com a
outra retirava o celular do seu bolso. Ambos estavam ofegantes. – Haaaaaaiiiiiiii!!!
Moshi... Moshi...
- Que mané “moshi moshi” o que? Em cinco
anos em Tokyo você não aprendeu muito mais que “tabetai*”. – Disse Usagi ao telefone. – E que raios de história é
essa de desligar o telefone na minha cara?
- Foi mal... É que caiu a ligação caiu... –
Hiyuri falou, olhando para o bandido esparramado no chão. – Tenho testemunha.
- Bom, fala logo o que você quer.
- É sobre a festa de Natal. Estou
adiantando alguns “esqueminhas” esse ano. Você virá pra festa, certo? Pera
ae...
Hiyuri colocou a ligação no viva-voz e largou
o celular no meio da calçada enquanto pegava as algemas que estavam presas no
cinto da calça.
- Até já mandei uma carta para o primo
Chung...
- Ah tá. Eu vou sim... Só isso?
- Ah sim. Só sim... Que tem feito? –
perguntou enquanto algemava o marginal.
- Hmm... Treinando bastante.
- “Pelamor!” Será que todo mundo nessa família
só sabe treinar? Sei, sei... E o que mais?
- Vendo bastante TV...
- Agora sim está mais a sua cara.
- Sabe como é... Quando a gente cansa tem
que descansar um pouco.
- Faço uma ideia. – Hiyuri estava novamente
com o celular no ouvido, mas ainda sentado sobre o bandido algemado que era
mantido deitado de barriga pra baixo no chão. As pessoas passavam olhando a
cena, mas o garoto parecia não ligar. Era óbvio que pelo menos alguém ali
estava bem confortável. - Bem, era isso aí mano, nos vemos mais tarde então.
- Ok. Sayonara.
O som seguinte foi apenas o da ligação
caindo.
- Desligou na minha cara! E a culpa é sua!
– disse ele olhando para o marginal algemado. Ambos estavam ralados e sangravam
por causa da queda. – E a minha roupa? Estava tão limpinha!
Não demorou até o parceiro de Hiyuri chegar
de carro.
- E aqui está seu taxi. – falou em
português para o bandido que obviamente não conseguia compreende-lo enquanto
que do outro lado de Tokyo, em um templo de kenjutsu...
Estava Usagi.
Seus cabelos brancos e compridos desciam
até o meio das costas, presos em um rabo de cavalo. Seus olhos negros ainda
encaravam o celular.
Vestia uma calça e um kimono branco com o
desenho de um tigre e um dragão nas costas e havia acabado de desligar o
telefone na cara do Hiyuri.
- Afff... Esse meu irmão. Às vezes eu
sinto vontade de mata-lo.
Eram palavras realmente assustadoras
vindas de alguém que tinha em uma das mãos o aparelho telefônico e na outra
carregava, como se fosse pena e sem deixar encostar ao chão, uma zanbatou* cuja lamina tinha 2 metros de comprimento
e quase 40 cm de largura.
- Chega de treino por hoje. Hora de ver
televisão...
Curti as mudanças! Ficou show!
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