Yue Jaded: O Imperador Imortal (Parte 1)


A fogueira estava acesa e crepitava suavemente enquanto a carne derramava sua gordura. Aquela provavelmente era a única fonte de luz em quilômetros de distancia. O céu estava nublado e sombrio. Nenhuma estrela e nem mesmo a lua podiam ser vistas.
A área ao redor era completamente desolada.
A vegetação era quase nula, ressecada como o solo plano e rachado. As poucas árvores que salpicavam o ambiente aqui e ali eram tão tortas e magras que pareciam mortas. Aquele não era um local favorável para a vida.
Mas nada disso importava. Não era como se o velho ou o jovem pudessem ver qualquer coisa além do circulo de luz gerado pela fogueira.
Era como se a qualquer momento a escuridão pudesse engoli-los ou algum monstro pudesse saltar de repente das sombras. Como se todo o resto do mundo tivesse sido destruído e aquele fosse o último pedaço de salvação na imensidão vazia.
Era como se fosse um monte de coisa... Mas definitivamente não era nada com o que já não estivessem acostumados. Então o mais novo aproveitava seu tempo para afiar sua espada. Deslizava a pedra pelo metal em um ritmo tão exato quanto música enquanto que, do lado oposto e separado pela fogueira, um velho preparava o  amontoado de gravetos secos e amassados que viria a ser sua cama.

- Era uma vez um jovem... – Disse o velho, de repente, enquanto cobria os gravetos com um cobertor verde que não perdia em nada para sua idade.

O garoto não conseguiu evitar sorrir, mas não desviou o olhar da espada e nem parou de afiá-la.

- Um jovem que devia ter mais ou menos a sua idade. - Continuou.
- E lá vamos nós de novo. – O garoto disse. – Você e suas histórias.
- Ele era um soldado. Um bravo soldado de um reino perdido.
- Qual a finalidade dessa vez, velho?
- Você não pode simplesmente calar a boca e ouvir a história? Deixe suas analises pra quando eu terminar!
- Você gosta mesmo dessas histórias, não é? Eu já falei... Se você tem algo a dizer, simplesmente coloque pra fora. Eu estou ouvindo.
- Então ouça a maldita história e cale a boca.

O garoto sorriu novamente e continuou o que estava fazendo.

- Era um jovem soldado de um reino perdido. Um soldado muito bom por sinal.
- Bom por quê?
- Por que ele gostava do que fazia. Na verdade, ele gostava um pouco demais. Seu único e maior sonho era se tornar o maior guerreiro de todos os tempos.
- Sei...
- Ele dizia: “Ninguém é maior que o ultimo homem de pé.”
- Muitos dizem isso.
- Bem... Foi este homem quem inventou a expressão.

De repente o garoto estava mais interessado do que imaginava. Por algum motivo ele sabia que aquela não era só mais uma história como as outras que o velho vivia contando. Talvez fosse o tom de voz que estava usando naquele momento ou as palavras que o velho estava escolhendo, mas aquilo realmente parecia ser importante.

- Ser o ultimo homem de pé... Você conhece a sensação? – O velho perguntou.
- Sim, conheço.
- Sim... É claro que você conhece.

Moon Ghost

Escritor, designer, fotografo, musico, programador, ator, jogador, artista marcial e o que mais der na telha. Criador de mundos e alterador de realidades nas horas vagas.

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