E eis que o imperador imortal tinha o mundo inteiro em suas mãos.
Seu império era vasto e não parava de crescer.
E dentro dele não havia quem não se rendesse perante seus poderes e não havia quem ousasse desobedecê-lo ou ignorá-lo. Ele tinha tudo e tinha a todos.
...Ou quase todos.
Certo dia, entediado, o imperador imortal decidiu realizar pessoalmente o julgamento de alguns criminosos. Era um hábito que há muito ele havia abandonado. Preferia que juízes bem pagos fizessem este trabalho, independente do quão corruptos estes pudessem vir a se tornar.
Nesta ocasião, no entanto, foi levada diante dele uma garota acusada de traição.
- Qual o crime desta jovem? – perguntou o imperador, largado preguiçosamente em seu trono.
- Esta garota realizou ofensas publicas contra vossa majestade. É acusada de traição e de incitar outras pessoas a se rebelarem contra o imperador e seus domínios.
- Pois bem... E de que forma ela fez isto?
Neste momento, sem qualquer autorização para falar, a garota se levantou de onde era mantida ajoelhada e repetiu todos os disparates e ofensas em alto e bom som, encarando o imperador nos olhos e deixando que a raiva em sua voz se tornasse quase palpável, tamanha sua intensidade.
As pessoas ao redor ficaram chocadas com a ousadia. Ali estava uma pessoa que não presava pela própria vida.
A garota fora colocada novamente de joelhos pelos soldados com um forte tapa no rosto e um golpe nas pernas por trás dos joelhos. Um terrível silêncio tomou conta da sala.
As pessoas ao redor ficaram chocadas com a ousadia. Ali estava uma pessoa que não presava pela própria vida.
A garota fora colocada novamente de joelhos pelos soldados com um forte tapa no rosto e um golpe nas pernas por trás dos joelhos. Um terrível silêncio tomou conta da sala.
Todos aguardavam a sentença do imperador e imaginavam que a garota não receberia menos que a morte. O imperador por sua vez limitou-se a sorrir. Não sabia ao certo o por que, mas sentia-se muito interessado por aquela gatinha que bancava a leoa.
Desceu de seu trono e dirigiu-se até ela parando bem a sua frente sem que em momento algum desviassem os olhares um do outro.
- De pé. – ele ordenou. E então a garota foi posta de pé, ainda encarando-o com raiva. – Suas palavras contra minha pessoa são falsas, caluniosas e ofensivas. São suficientes para que eu te sentencie a morte. E é a morte que você merece... Porém...
O imperador afastou-se alguns passos dando as costas para a prisioneira.
- É um ato de coragem. De uma coragem louca, com certeza, repetir na minha cara estas ofensas. Mas ainda assim coragem. – Mais uma vez ele parou de falar e ponderou antes de continuar. – Retire o que disse. Curve-se e peça desculpas. E então eu te concederei o perdão e você poderá sair daqui livre e em paz. Ofereço-te minha misericórdia.
O ato surpreendeu a todos. O imperador já havia matado por muito menos.
A tensão e expectativa cresceram na sala do trono. Por alguns segundos não era possível ouvir sequer a respiração dos presentes.
Foi então que a garota explodiu numa intensa crise de risos desvairados.
A tensão e expectativa cresceram na sala do trono. Por alguns segundos não era possível ouvir sequer a respiração dos presentes.
Foi então que a garota explodiu numa intensa crise de risos desvairados.
- Sua misericórdia? – perguntou a garota com desdém. – Eu não preciso da sua misericórdia. Você não pode me dar nada que eu já não possua! Assim como também não pode tomar nada de mim que eu não queira lhe dar. Seus poderes e sua força são inúteis contra a minha liberdade. Contra o meu ser! Cuspo na sua misericórdia, nos seus feitos e no seu poder! Não vou me submeter e não há nada que você possa fazer pra mudar isso. Nem mesmo me matar! Se quer me matar, faça-o, por que eu o permito!
Por um momento a raiva do imperador cresceu como há muito não crescia. Aquela petulância vinda de alguém tão insignificante o irritava. Mas por outro lado ele percebeu, assim como no dia em que esteve diante do dragão, o quão verdadeiras eram aquelas palavras.
Por um momento chegou a olhar para o pajem que segurava uma almofada onde sua espada repousava e desejou arrancar a cabeça da garota ali, naquele exato momento.
Ela o merecia, com certeza. E seria o bastante para qualquer expectador. Um lembrete de uma lição há muito aprendida: "Ninguém desafia o imperador".
Mas não seria o bastante para ele...
Ela o merecia, com certeza. E seria o bastante para qualquer expectador. Um lembrete de uma lição há muito aprendida: "Ninguém desafia o imperador".
Mas não seria o bastante para ele...
- Prendam-na nas masmorras... – Foi tudo o que ele conseguiu dizer por entre os dentes cerrados.
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